Jangurussu tem a maior oferta de imóveis mais baratos em Fortaleza; veja lista dos bairros
Cambeba e Praia do Futuro também aparecem no ranking.
O bairro Jangurussu concentra a maior oferta de apartamentos considerados econômicos, no valor de R$ 350 mil, em Fortaleza, totalizando 604 unidades em estoque, segundo dados referentes aos primeiros nove meses de 2025, coletados pela empresa de pesquisa e consultoria em negócios Brain Inteligência Estratégica.
A região também lidera as vendas do segmento e se consolidou como o maior polo do mercado vertical econômico na Capital cearense. Entre janeiro e setembro deste ano, o Jangurussu registrou 826 unidades vendidas, ocupando a 1ª posição tanto em comercializações quanto em oferta de imóveis com tíquete médio de até R$ 350 mil.
Depois do Jangurussu, o segundo bairro com a maior oferta é Paupina, com pouco mais de 41% do estoque do primeiro colocado, o equivalente a 248 unidades. Em seguida, aparecem Cambeba e Praia do Futuro (ver quadro abaixo).
| Bairro | Quantidade |
|---|---|
| Jangurussu | 604 |
| Paupina | 310 |
| Cambeba | 224 |
| Praia Do Futuro | 207 |
| Passaré | 176 |
| Maraponga | 170 |
| Parque Santa Filomena | 164 |
| Mondubim | 158 |
| Cajazeiras | 136 |
| Siqueira | 136 |
| Outros | 738 |
| Total | 3.023 |
Para especialistas, regiões em desenvolvimento que concentram novos empreendimentos habitacionais têm liderado a maior parte dos lançamentos e negociações do segmento econômico por fatores como o preço mais acessível dos terrenos, o perfil do público comprador e os incentivos do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
Os números mostram que o Jangurussu também lidera isoladamente as vendas, com 826 unidades comercializadas (ver quadro abaixo). Na sequência aparecem Lagoa Redonda (340), Mondubim (267), Passaré (261) e Planalto Ayrton Senna (257).
| Bairro | Quantidade |
|---|---|
| Jangurussu | 826 |
| Lagoa Redonda | 340 |
| Mondubim | 267 |
| Passaré | 261 |
| Planalto Ayrton Senna | 257 |
| Antonio Diogo | 244 |
| Ancuri | 233 |
| Vicente Pinzon | 212 |
| Siqueira | 152 |
| Barra Do Ceará | 130 |
| Outros | 813 |
| Total | 3.735 |
Quais as características de um imóvel considerado econômico?
Para fins de análise, são considerados imóveis econômicos aqueles com tíquete médio de até R$ 350 mil. Segundo André Montenegro de Holanda, vice-presidente da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), o padrão desse tipo de empreendimento já está consolidado.
Entre as características estão o tamanho de cerca de 45 m², com dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Os compradores, afirma, concentram-se nas Faixas 2 e 3 do programa Minha Casa, Minha Vida, com renda mensal entre R$ 2.850 e R$ 8 mil.
André destaca ainda que o fenômeno não é exclusivo de Fortaleza, mas sim uma tendência nacional, com mais de 50% da receita da construção civil decorrente do programa habitacional MCMV.
A expectativa é que esse padrão aumente na Capital cearense, sendo o nicho de imóveis econômicos responsável por uma porcentagem majoritária das vendas nas grandes cidades.
Dependência estrutural do Minha Casa, Minha Vida
Para o economista e doutor em administração de empresas Mario Monteiro, a distribuição geográfica das vendas é reflexo direto da força do MCMV. A renda mínima atendida pelo programa, em torno de R$ 2 mil, coincide com o perfil da população residente nos bairros que mais concentram empreendimentos.
O especialista explica que os projetos vinculados ao programa são lançados em grande quantidade, com foco mais social do que mercadológico, o que ajuda a inflar os números dos bairros periféricos.
Mario explica que os empreendimentos do MCMV tendem a ser de maior quantidade e possuem características “menos de mercado e mais de um programa de governo,” o que pode “inflar esses números dos bairros considerados mais periféricos”.
Já segundo o vice-presidente da Fiec, André Montenegro, a combinação de subsídio e juros reduzidos, financiados pelo FGTS, torna a prestação “quase o preço de um aluguel”, o que aumenta a capacidade de compra das famílias.
O Minha Casa, Minha Vida foi reorganizado em 2025 e hoje funciona da seguinte forma nas áreas urbanas:
- Faixa 1: até R$ 2.850
- Faixa 2: R$ 2.850,01 a R$ 4.700
- Faixa 3: R$ 4.700,01 a R$ 8.600
- Faixa 4: R$ 8.600,01 a R$ 12.000
Terreno mais acessível e tecnologia aceleram o mapa dos lançamentos
A lógica territorial dos empreendimentos também responde ao custo dos terrenos, como explica André Montenegro:
“Para encaixar um imóvel de até R$ 350 mil, você tem que baratear o custo do terreno. Então, os terrenos periféricos são mais baratos e viabilizam.”André Montenegro de Holanda
Além do preço do solo, a tecnologia tem papel importante. Métodos como paredes de concreto e construção industrializada aceleram as obras e permitem erguer mais unidades por empreendimento, o que garante viabilidade financeira mesmo em áreas distantes dos centros comerciais.
Expansão e requalificação urbana
Os especialistas apontam efeitos positivos nos bairros que recebem os projetos. Monteiro destaca o efeito de substituição de moradias menos adaptadas por habitações formais:
“Não é só expansão. Muitas vezes, é requalificação, substituindo habitações menos adequadas por moradias com padrão construtivo melhor.”
Já André Montenegro reforça o impacto em todo o entorno:
“Esses empreendimentos levam consigo infraestrutura, que às vezes o bairro não tem. Todo o entorno acaba sendo beneficiado.”
