Ceará tem 3º maior percentual de autistas do Brasil, com 126 mil pessoas; veja raio-x do Censo

Ceará tem 3º maior percentual de autistas do Brasil, com 126 mil pessoas; veja raio-x do Censo

Levantamento é inédito no Censo do IBGE, e apontou 1,4% da população diagnosticada com o transtorno – incluindo centenários

A percepção geral de que o número de diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA) “aumentou” no Ceará ganha, agora, um número oficial: o Estado tem 126,5 mil pessoas com autismo, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE de 2022. Foram consideradas apenas pessoas com laudo por profissional de saúde.

Os dados, divulgados nesta sexta-feira (23), foram incluídos no levantamento pela primeira vez, cumprindo a Lei nº 13.861/2019, que determinou a obrigatoriedade da coleta de informações específicas relativas ao TEA nos censos.

Em proporção, os autistas cearenses representam 1,4% da população total do Estado. É o 3º maior percentual do Brasil, atrás do Acre, onde 1,6% dos habitantes têm TEA; e do Amapá, com 1,5% da população diagnosticada.

Já em números absolutos, o Ceará tem a 6ª maior quantidade de pessoas com TEA do País, com 126.548 indivíduos; atrás de São Paulo (547 mil), Minas Gerais (228 mil), Rio de Janeiro (214 mil), Bahia (144 mil) e Paraná (132 mil).

Entre os milhares de cearenses com o transtorno – caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, que interfere na capacidade de comunicação, linguagem, interação social e comportamento –, mais da metade (52%) são crianças e adolescentes.

O Censo identificou ainda 47.245 autistas jovens e adultos no Ceará, com idades entre 20 e 59 anos, além de 12.474 idosos com laudo de TEA. 

O número de homens com o transtorno é significativamente superior ao de mulheres: entre os cearenses, 79.245 das pessoas com TEA são do gênero masculino, enquanto 47.303 são do feminino.

Idosos de 100 anos com autismo

Um retrato curioso foi identificado pelo Censo do IBGE em relação à população autista brasileira: entre os idosos, 6.153 tinham mais de 90 anos de vida, dos quais 336 tinham 100 anos ou mais no período do levantamento, em 2022.

Apesar de nem todos os estados terem registrado centenários autistas, o Ceará está entre eles, com 34 idosos com 100 anos ou mais diagnosticados com o transtorno. É o quarto maior número de centenários com TEA do País, atrás de Bahia (78), Mato Grosso (53) e Amazonas (36).

Em documento de divulgação dos dados, o IBGE destacou os desafios da inclusão de dados sobre pessoas com autismo no Censo Demográfico. O instituto pontua que “a avaliação do TEA é complexa, extensa e requer uma série de perguntas e análises conduzidas por profissionais qualificados”, o que não é possível no Censo.

O IBGE pontua que “a tarefa de realizar essa mesma avaliação por meio do questionário do Censo esbarra no limite do próprio tamanho do questionário” e na “ausência de profissional de saúde na entrevista”.

Assim, o levantamento se baseou em apenas uma pergunta, direcionada a todos os moradores do domicílio: “Já foi diagnosticado(a) com autismo por algum profissional de saúde?”.

TEA entre indígenas

O levantamento também considerou um recorte específico de raça: os indígenas. No Brasil, 17.463 deles já haviam sido diagnosticados com o transtorno no período do Censo, o equivalente a 1% dos habitantes dessa raça no País.

Já no Ceará, dos 56.202 contabilizados pelo IBGE, 875 são autistas. É o terceiro maior número absoluto do Nordeste.

A inclusão de informações específicas sobre a população autista dos estados brasileiros é importante para dimensionar as políticas públicas voltadas a ela. Hoje, uma das principais dificuldades da família é no acesso ao próprio diagnóstico – e, depois, às terapias.

Redação

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