Prefeitura diz que aulas voltaram ao normal em escolas afetadas por disputas de facções em Fortaleza

Prefeitura diz que aulas voltaram ao normal em escolas afetadas por disputas de facções em Fortaleza

Fontes ouvidas pelo Diário do Nordeste no entorno do Grande Vicente Pinzón relataram que o dia hoje foi “tranquilo” na área

Após semanas de uma escalada de violência na região do Grande Vicente Pinzón, em Fortaleza, e de uma resposta do Governo do Estado que envolveu reforço policial na área, a Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que as aulas “estão normais” nas unidades de ensino, nesta segunda-feira (1º). 

Ao todo, profissionais de pelo menos 16 escolas no entorno no bairro relataram, na última semana, sensações de insegurança diante de atos criminosos, e parte das unidades teve as aulas paralisadas ou atividades de rotina prejudicadas devido à disputa entre facções que ocorre naquela área. Até sexta-feira (29), as unidades, creches e escolas, ainda não haviam voltado ao funcionamento normal. 

Ao Diário do Nordeste, a Assessoria de Comunicação da SME informou, nesta segunda-feira que o Distrito de Educação 2 – ao qual pertence a área envolvida nos conflitos – relatou normalidade nas atividades escolares. Para isso, várias localidades tiveram destacamentos da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), que implementaram “corredores seguros” para facilitar o acesso de estudantes e profissionais aos equipamentos.

Uma moradora do Vicente Pinzón também confirmou à reportagem que as escolas “estão todas abertas”. Não houve relatos de fechamentos de comércios.

O Sindicato União dos Trabalhadores em Educação de Fortaleza (Sindiute) foi procurado para saber se houve alguma intercorrência, mas não deu retorno até a publicação desta matéria. A entidade havia elaborado uma lista com os equipamentos afetados pela disputa até a semana passada:

  • Escola Municipal Profa. Belarmina Campos
  • Escola Municipal Profa. Consuelo Amora
  • Escola Municipal Profa. Aida Santos e Silva
  • Escola Municipal Luís Ângelo Pereira
  • Escola Municipal Maria Alice
  • Escola Municipal Professora Maria Gondim dos Santos
  • Escola Municipal Eleazar de Carvalho
  • Escola Municipal Godofredo de Castro Filho
  • Escola Municipal Maria Felicio Lopes
  • Escola Municipal de Tempo Integral (EMTI) Vereador Alberto Gomes de Queiroz
  • Escola Municipal São Vicente de Paulo
  • CEI Wilma Maria de Vasconcelos Leopércio
  • CEI Menino Maluquinho
  • CEI Darcy Ribeiro
  • CEI Padre José Nilson
  • CEI Rachel de Queiroz

PLANO DE RETORNO

Ainda na sexta-feira (29), órgãos da Prefeitura se reuniram com gestores escolares para definir estratégias para garantir a normalidade das aulas. O plano divulgado menciona:

  • Reforço da presença de agentes da Guarda Municipal em determinadas escolas
  • Rondas intermitentes;
  • Formação de “corredores seguros” para o acesso de alunos, professores e comunidade à escola;
  • Acolhimento com banda de música e teatro de fantoches para “diminuir tensões”;
  • Fornecimento de serviço psicossocial para estudantes.

Na ocasião, a SME reconheceu que a Escola Municipal Professora Maria Gondim estava sem aulas desde terça-feira (26). Segundo apuração da TV Verdes Mares, o local funcionou normalmente hoje, com a presença de guardas na portaria.

MEDO CONSTANTE

Segundo o Sindiute, desde julho, ações violentas têm afetado a rotina das escolas no entorno do Vicente Pinzón. Os relatos incluem barulhos de tiros ouvidos durante o horário de aula, interrupções e esvaziamento das salas de aulas

O Diário do Nordeste apurou que o conflito é resultado de uma disputa das facções Guardiões do Estado e Comando Vermelho pelo domínio do tráfico de drogas na área. Com a maior presença da Polícia no Vicente Pinzón, a violência escalou também para o Papicu. 

AÇÃO DE RESPOSTA

Ainda na sexta (29), as Forças de Segurança do Ceará deflagraram a Operação Integração Saturação Total, com o objetivo de fortalecer o combate às mortes violentas e outros crimes a partir do reforço de 752 policiais militares, civis e penais e do apoio de 195 viaturas e 110 motocicletas.

No caso de Fortaleza, o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Roberto Sá, declarou que os responsáveis por crimes registrados na região dos bairros Vicente Pinzón e Papicu “estão sendo identificados e presos”.

Entre julho e agosto, houve 109 prisões e 54 apreensões de armas de fogo no Vicente Pinzón, média de duas prisões e uma arma retirada de circulação por dia. No Papicu, foram 53 prisões no mesmo período.

“Nós temos que proteger todos os cidadãos dessa guerra estabelecida entre as facções”, afirmou o governador Elmano de Freitas, no lançamento da ação.

Procurada pela reportagem nesta segunda-feira, a a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS-CE) voltou a informar que “vem atuando, diuturnamente, por meio de suas vinculadas Polícia Militar do Ceará (PMCE) e Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), além da Coordenadoria de Inteligência (Coin/SSPDS) e com apoio da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF), no combate aos grupos criminosos no bairro Vicente Pinzón, na Área Integrada de Segurança Pública 1 (AIS 1) da Capital”.

A nota acrescenta que a PM encontra-se com agentes no entorno das escolas com composições do Grupo de Segurança Escolar (GSE), vinculado ao Comando de Proteção e Apoio às Comunidades (Copac), contando com o apoio da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF). “Os policiais militares e os guardas municipais auxiliam na manutenção da rotina da segurança em instituições de ensino e proximidades. No momento, as ações das Forças de Segurança acontecem sem intercorrências na região”.

Além disso, diz a Pasta, a região mantém-se sob responsabilidade do 8º Batalhão Policial Militar (8º BPM) e o policiamento foi fortalecido pelo emprego de equipes da Força Tática (FT), do Batalhão de Policiamento Turístico (BPTur), do Batalhão de Polícia de Choque (BPChoque), do motopatrulhamento e equipes do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio), que também intensificaram o patrulhamento do bairro.

“Por fim, a SSPDS ressalta que os crimes relacionados com grupos criminosos são investigados pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e do 9º Distrito Policial (9º DP), unidade da PCCE da área do bairro Vicente Pinzón”, conclui a nota.

Redação

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