Mulheres fazem ‘crochetaço’ em metrô de Fortaleza;

Mulheres fazem ‘crochetaço’ em metrô de Fortaleza;

A ação celebra a semana mundial do crochê e engloba moradoras de comunidades como Moura Brasil, Pan Americano, Cais do Porto e áreas adjacentes

Fazer e multiplicar a prática do crochê em meio a viagens do metrô entre Fortaleza e Pacatuba. Foi esse o movimento diferenciado experimentado na Linha Sul do modal na capital cearense na manhã desta quinta-feira (11). Na atividade chamada de “Crochetaço”, um grupo de mulheres ensinou o ofício aos passageiros, em uma iniciativa que ressalta a reutilização de tecidos e estimula a economia criativa.

O Projeto Envolva-se é coordenado pelo Serviço Social do Comércio do Ceará (Sesc). Nesta quinta-feira, em parceria com o Metrofor, uma turma de capacitação composta por 15 mulheres embarcou na Linha Sul.

A ação faz parte de uma série de atividades realizadas em alusão àsemana mundial do crochê e engloba mulheres, em sua maioria, da terceira idade, moradoras de comunidades como Moura Brasil, Pan Americano, Cais do Porto e áreas adjacentes.

O percurso seguiu da estação José de Alencar, no Centro de Fortaleza, até a Carlito Benevides, na Pacatuba. Durante uma hora, as alunas se espalharam por um vagão do metrô e, equipadas de linhas e agulhas, elaboraram quadradinhos de crochê e chamaram atenção de quem embarcava no transporte público.

Dona Iracema, presente no trajeto Pacatuba-Centro, foi uma das diversas pessoas curiosas que se arriscou a crochetar, auxiliada de perto pelas artesãs e facilitadoras do projeto. A experiência foi curta, mas capaz de expandir o interesse da passageira, que disse esperar participar dos próximos encontros.

Mulher sentada no metrô, concentrada em fazer crochê, enquanto outra participante, mais ao fundo, também tricota; passageiros seguem em pé no corredor

“O crochê é uma arte milenar que estava teoricamente esquecida, mas a gente quer alavancar. O objetivo é levar o crochê mesmo para o mundo e mostrar que qualquer pessoa pode fazer crochê. Não podemos deixar nossas artes morrerem”, destaca a artesã e oficineira, Daiana Fernandes.

Uma das facilitadoras da atividade é Conceição Barbosa, 62 anos, moradora do Moura Brasil, participante do projeto. Ela relatou durante a viagem de metrô que aprendeu a fazer crochê ainda criança e há cerca de 4 anos foi levada por uma amiga ao projeto do Sesc.   

“Eu já fazia crochê um pouco, mas há muito anos. Depois fui para lá (ao projeto) e voltei (a fazer). Gostei. Agora já faz quatro anos que eu estou no projeto. Faço crochê, costura criativa, com resíduos têxteis, com material reconstruindo. Faz bolsa, faz boneca, vai e reaproveita”, detalhou ela em entrevista ao Diário do Nordeste.

O ofício ela aprendeu, relata, “ao ver a mãe fazendo”. Quando a genitora faleceu, ela retomou a atividade que a tem ajudado, inclusive a sair mais de casa para participar de aulas de crochê, como a ministrada no Crochetaço na manhã desta quinta-feira.

PRODUÇÕES E EXIBIÇÃO

Em homenagem ao Dia Mundial do Crochê, celebrado nesta sexta-feira (12), as produções elaboradas por essas mulheres formarão uma peça coletiva que ficará em exibição no Sesc, no Centro de Fortaleza.

Através da economia criativa e circular,o projeto busca trabalhar com resíduos têxteis, ressignificando um material que seria descartado e o utilizando para capacitar as alunas.  

Mulher concentrada em fazer crochê com linha azul dentro de um vagão de metrô, segurando agulha e peça já iniciada, próxima à janela

A coleção elaborada por essas alunas durante a semana é inspirada no curta-metragem “Vida Maria”, produção de Márcio Ramos, que narra a vida das cearenses do sertão. “O crochê está muito focado na questão da vida das mulheres do sertão, trazendo a cor, a terra rachada. […]  Ressignifica-se esse ciclo que existia, que ainda existe, de cuidar de família, de cuidar da vida dos filhos, e não viver o próprio momento”, explica a técnica de programas de assistência do Sesc, Patrícia Albuquerque. 

A assessora de planejamento estratégico do Metrofor, Joseane Oliveira, explicou que a opção pelo desenvolvimento da atividade no metrô leva em consideração que o transporte é um lugar que vai além “de um deslocamento”, acrescenta “É uma oportunidade também de cidadania, de encontros e de inclusão social”.

Ela também aponta que o crochê é uma arte e uma forma de terapia. “Muitas pessoas já reconhecem o crochê como terapêutico. A gente está num mês também que se fala de saúde mental, que é o setembro amarelo”

Redação

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