Semana Fashion Revolution em Natal busca conectar a moda com a cultura potiguar

Evento global busca promover ética, diversidade e representatividade na indústria da moda conectando tradições e talentos locais

Natal está participando do evento global chamado Fashion Revolution, que busca conscientizar sobre a sustentabilidade na indústria da moda. Na capital potiguar, o evento conta com programação diversa e gratuita nos principais pontos da cidade. O AGORA RN conversou com a representante local do movimento, Vivian Pedrozo, para entender o impacto esperado.

Para Vivian, a ideia principal é celebrar as várias formas de expressão cultural que a moda local traz consigo. “A programação da Semana Fashion Revolution em Natal é toda dedicada a conectar a moda com a cultura potiguar de um jeito bem bacana. Teremos um montão de eventos legais, como oficinas e bate-papos, onde não só vamos falar sobre sustentabilidade e ética na moda, mas também dar voz aos talentos locais que incorporam elementos da cultura local em diversas perspectivas”, explicou.

De acordo com ela, a intenção é mostrar como as tradições, técnicas artesanais, política e questões sociais influenciam na moda local. O evento busca falar sobre oportunidades de carreira no mercado potiguar e promover a diversidade e representatividade na moda. Além de desfiles de marcas que trazem ideias inovadoras para desenhar o futuro da moda no Rio Grande do Norte.

Em relação às expectativas para a cidade, o objetivo principal é criar um impacto significativo em vários aspectos. “Queremos aumentar a consciência sobre questões importantes relacionadas à moda, como sustentabilidade e ética na produção e consumo. Além disso, buscamos envolver ativamente a comunidade local, consumidores e autoridades, em discussões construtivas e ações práticas para promover essa mudança. Um dos nossos objetivos é dar visibilidade e reconhecimento à cultura potiguar através da moda”, disse Vivian.

Além disso, a representante ressalta que o movimento busca inspirar inovação e mudança positiva na indústria da moda, encorajando práticas mais conscientes. Isso envolve criar parcerias e redes de colaboração entre diferentes atores da indústria e da comunidade. A meta é contribuir para um futuro mais justo na indústria da moda agindo local e pensando global.

Vivian conta que acredita que em Natal existe espaço para a conscientização que o evento busca oferecer. “Natal, como uma cidade diversa e culturalmente rica, oferece um ambiente propício para a conscientização que o evento busca promover. Há diversos públicos interessados e engajados em questões relacionadas à moda, sustentabilidade e valorização da cultura local. A cidade conta com uma cena criativa vibrante, onde designers, artistas e empreendedores estão constantemente buscando formas inovadoras de expressão e de integração com a comunidade. Além disso, há um crescente interesse da população por temas como consumo consciente, impacto ambiental e inclusão social, que são justamente os pilares do Movimento Fashion Revolution”, ressaltou.

Ela frisa que justamente em eventos como o Fashion Revolution, que é possível criar um espaço de diálogo e reflexão sobre essas questões, envolvendo não apenas os profissionais da indústria da moda, mas também o público em geral. Para ela, esses eventos têm o potencial de educar, inspirar e mobilizar as pessoas a repensarem seus hábitos de consumo e a valorizarem o trabalho dos produtores locais, contribuindo assim para uma mudança positiva na comunidade e na indústria da moda como um todo.

Esse foi um dos motivos que fez Vivian assumir a liderança local. “Me mudei para cá há seis anos, vindo trabalhar para uma das maiores varejistas do país, que estava trazendo um departamento inteiro de fora para operar aqui, fui apresentada a excelentes profissionais locais que não recebiam o devido reconhecimento, seja em termos de remuneração, em comparação com os profissionais de fora do estado, seja em termos de oportunidades de carreira”, disse.

Além disso, ela conta que via muitos dos seus amigos de áreas criativas, deixarem a cidade ao longo dos anos em busca de reconhecimento e validação profissional em outros estados e até mesmo países. “Essa realidade chamou minha atenção de forma marcante, pois acredito profundamente na cultura potiguar e na riqueza da cena criativa local. Foi essa observação que me inspirou a focar e colocar em destaque a perspectiva local, buscando valorizar o talento da moda potiguar. Acredito que é fundamental dar voz e visibilidade aos profissionais daqui, celebrando sua criatividade e contribuição para o cenário da moda, e isso tem sido minha motivação ao me envolver com o movimento Fashion Revolution aqui em Natal”, contou.

Sobre o Fashion Revolution

É um movimento mundial que questiona as dinâmicas desiguais de trabalho e a sustentabilidade na indústria da moda. Ele ganhou força em 2023, marcando dez anos do desabamento do edifício Rana Plaza, em Bangladesh, que abrigava diversas confecções que produziam peças para grandes marcas ocidentais. Mais de mil pessoas morreram. É a maior tragédia na história da indústria têxtil e se tornou símbolo da exploração inescrupulosa no setor.

“O objetivo do Movimento Fashion Revolution é promover uma indústria da moda mais ética, transparente e sustentável. Ele busca aumentar a conscientização sobre as condições de trabalho nas fábricas de roupas, os impactos ambientais da indústria da moda e incentivar a adoção de práticas mais justas e responsáveis por parte das marcas, dos consumidores e de toda a cadeia de produção. O movimento visa provocar mudanças significativas no sistema atual, visando um futuro onde a moda seja produzida de maneira ética, respeitando os direitos humanos e o meio ambiente”, explicou Vivian.

A Semana Fashion Revolution começou no dia 15 de abril e vai até o dia 24 com programações no Senai, Complexo Cultural Rampa, Pinacoteca Potiguar, OAB, UnP, La Luna, Goodala e Natal Shopping.

“Qualquer um pode se juntar à revolução. Cada um de nós tem o poder, como cidadãos globais, de transformar o sistema atual. Transformar a indústria da moda não é uma tarefa da noite para o dia. Serão necessárias muitas pessoas, abordagens e perspectivas para chegar lá, incluindo a sua”, finalizou a representante.