Caruaru x Campina Grande: quem tem o melhor São João? Saiba a origem da disputa
Os festejos juninos já começaram, e, com eles, um antigo debate é reascendido: Caruaru, em Pernambuco, ou Campina Grande, na Paraíba? Afinal, qual das duas cidades tem o maior São João do mundo?
A reportagem da Folha de Pernambuco ouviu o pesquisador e historiador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Estevam Machado, que afirma: “É difícil cravar uma resposta”, e explica a origem dessa disputa.
Segundo o historiador, apesar ser difícil dizer qual o momento exato em que a disputa começou, é possível afirmar que as festas de Caruaru e Campina Grande se tornaram mais populares a partir da década de 1980, com o incentivo do poder público.
“As festas juninas sempre aconteceram, mas de maneira espontânea e de forma descentralizada. O que acontece é que, a partir da década de 1980, principalmente com uma nova visão de turismo, o turismo de festa, as prefeituras passaram a querer atrair pessoas para essas cidades durante esse período. Uma vez que atrair pessoas, consequentemente, é atrair investimentos e gastos no município, fazendo o dinheiro circular”, explica o pesquisador.
Com o investimento do poder público, veio também o incentivo dos artistas populares. “Basta lembrar que a música Capital do Forró, do Trio Nordestino, é justamente do início da década de 1980. Então, já há aí um incentivo através também dos artistas populares. A exaltação de Caruaru, por exemplo, como sendo a capital dos festejos juninos”, afirma o professor.
Pátio de Eventos Luiz Lua Gonzaga, em Caruaru.
Caruaru e Campina Grande, irmandade além da disputa
Além da disputa pelo maior São João, Caruaru e Campina Grande também compartilham semelhanças geográficas.
Ambas se encontram no Agreste e são centros econômicos de suas respectivas regiões; com uma diversidade econômica bastante significativa.
“Ambas têm a indústria têxtil, a pecuária e um setor de serviço muito forte; além de uma história muito similar também. Com um clima parecido, estando no Agreste, as duas nasceram a partir de feiras e seguem em expansão econômica”, pontua Estevam.
Parque do Povo, em Campina Grande.
E a casa do São João?
Ainda de acordo com o pesquisador da UFPE, tanto o Parque do Povo, em Campina Grande (Com 40 mil metros quadrados), quanto o Pátio de Eventos Luiz Gonzaga, em Caruaru (Com 44 mil metros quadrados), são parte da iniciativa do poder público de reordenar o espaço urbano e acolher para dentro das cidade os grandes eventos e manifestações culturais dentro de um espaço de controle.
“Criando esses espaços, você tem uma forma melhor de controlar o fluxo das pessoas, do comércio, da segurança pública e garantir uma maior mobilidade urbana. Além, é claro, da visibilidade de ter um lugar físico para concentrar esses eventos. Isso é muito importante e acontece também em outros espaços, como nos sambódromos do Rio de Janeiro e de São Paulo”, diz o professor.
E os números, Caruaru ou Campina Grande?
Segundo os dados do São João 2023 da cidade de Caruaru, divulgados pela gestão municipal em julho do ano passado, ao longo de 65 dias de festa, mais de R$ 620 milhões foram movimentados na economia da cidade.
De acordo com o balanço, a geração de empregos também ficou acima da média, com mais de 15 mil empregos diretos e indiretos.
Já o levantamento dos dados oficiais do São João 2023 de Campina Grande, ano em que a festa completou 40 anos, mostram que a cidade movimentou mais de R$ 500 milhões ao longo dos 32 dias de festejos juninos.
Com relação aos empregos, o São João de Campina Grande gerou 5 mil empregos diretos e indiretos, sendo 1 mil apenas na montagem da estrutura.