Site estadunidense interrompe venda ilegal de fósseis brasileiros após denúncia de paleontólogo

Um professor da UFPI descobriu a comercialização e fez denúncia ao Ministério Público Federal que, por meio de uma cooperação internacional, conseguiu a atenção das autoridades americanas.

Por Lucas Marreiros, g1 PI

O site estadunidense denunciado por venda ilegal de fósseis brasileiros removeu os itens da sua vitrine virtual após a denúncia do paleontólogo Juan Cisneros, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), ao Ministério Público Federal (MPF) que chegou às autoridades dos Estados Unidos da América (EUA).

O paleontólogo comentou sobre a remoção e um texto disponibilizado pela loja virtual. “Segundo pode ser visto no longo desabafo que publicaram no seu site, basicamente reconhecem que ignoravam as nossas leis e por isso vendiam nossos fósseis”, escreveu Juan Cisneros no X (antigo Twitter).

Conforme a lei, fósseis são considerados propriedade da União e a venda desses itens é ilegal. A exportação pode ser realizada apenas com fins científicos.

“[No texto] eles reconhecem que compraram os fósseis de uma loja na Europa. A qual obviamente não tinha nenhum documento para constatar a legalidade”, comentou o professor.

Para o pesquisador, esse tipo de atividade, além de ilegal, também é prejudicial às pesquisas, pois ao invés de estarem em museus, por exemplo, terminam em coleções privadas, fora do país.

No texto, o proprietário do site afirma que recebeu muitas perguntas sobre o motivo pelo qual os fósseis foram removidos da vitrine. Na publicação, ele conta sobre como começou a comercializar os itens históricos.

“Há vários anos fui abordado por outro negociante de fósseis que conheço muito bem durante uma exposição. Ele me perguntou se eu gostaria de levar uma enorme coleção para casa para vender em consignação para ele e dividiríamos os lucros”, afirmou.

“Tive uma ou duas perguntas sobre a legalidade e por isso contatei o revendedor europeu e ele garantiu-me que tinha adquirido legalmente e tinha a documentação para o provar. Ele chegou a me dizer que, se houvesse algum ‘problema’ , eu deveria direcionar a investigação a ele”, escreveu.

Em seguida, o comerciante relata ter recebido uma visita surpresa das autoridades, que queriam falar com ele sobre a grande quantidade de fósseis brasileiros que ele tinha. “Parece que o governo brasileiro tomou conhecimento e contatou o governo dos Estados Unidos”, contou.

Cooperação internacional

A visita, segundo Juan Cisneros, foi resultado de uma cooperação internacional acionada pelo MPF e iniciada meses após a denúncia do paleontólogo, feita em janeiro de 2023. O caso ainda está em andamento e tudo indica que o próximo passo seja a repatriação dos fósseis para o Brasil.

Segundo Juan Cisneros, os vestígios são do Período Cretáceo e são encontrados na Chapada do Araripe, entre os estados do Piauí, Ceará e Pernambuco. “O tipo de rocha no qual eles estão é característico, é um calcário amarelado com restos de matéria vegetal. E é comum encontrar insetos nessas rochas”, explicou.

Redação

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