Salas de Recursos promovem acessibilidade e qualidade no ensino da rede estadual

Salas de Recursos promovem acessibilidade e qualidade no ensino da rede estadual

Governo de Sergipe investe na implementação e ampliação dessa ferramenta que oferece suporte personalizado a estudantes com deficiências e complementam o ensino regular

A educação inclusiva é um direito fundamental que visa garantir acesso, permanência e desenvolvimento educacional de qualidade para todos os alunos, independentemente de suas necessidades específicas. Em Sergipe, o Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Educação e Cultura (Seduc), tem se destacado ao investir na implementação e ampliação das Salas de Recursos Multifuncionais (SMR) na rede estadual de ensino, um componente essencial para a inclusão de estudantes com deficiências. Essas salas não apenas complementam o ensino regular, mas também oferecem suporte personalizado, promovendo um ambiente acolhedor e respeitoso que valoriza a diversidade e potencializa o aprendizado dos estudantes.

Localizados em escolas de educação básica onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado (AEE), as salas de recursos multifuncionais contam com equipamentos, recursos de acessibilidade e materiais pedagógicos capazes de potencializar o processo de escolarização. Elas estão divididas em dois tipos: tipo I, que atende diversas deficiências, exceto para cegos, e tipo II, que oferece recursos específicos para estudantes cegos, como materiais em braille e alto-relevo. Segundo dados de 2023, a rede estadual de ensino acolheu 4.515 estudantes na educação especial. Destes, 1.914 foram atendidos nas Salas de Recursos Multifuncionais, com 211 professores atuando nesses espaços.  

A coordenadora do Serviço de Educação Inclusiva da Seduc, Lilian Alves, destacou o atendimento especializado ofertado nas salas multifuncionais como uma das principais ações da educação inclusiva da rede estadual de ensino.“O atendimento educacional especializado ofertado nas salas foi durante muito tempo a principal ação. Porém, com a inserção na rede dos profissionais de Apoio Escolar II, que são professores formados que atuam no ensino regular, fazendo mediação aos estudantes com autismo e deficiência intelectual, o serviço ganhou duas frentes pedagógicas que atuam no processo de inclusão dos alunos. Com isso, as salas de recursos não perderam a sua importância no processo de inclusão. Ao contrário, essa importância cresceu porque o espaço é também um ponto de apoio pedagógico para esses profissionais”, reforçou.

Capacitações para sala de recursos  

Para expandir cada vez mais o número de salas disponíveis, a Seduc tem investido na capacitação de profissionais, a exemplo do que foi realizado no mês de julho, quando foi realizada mais uma ‘Oficina de Inclusão e Adaptação’ para professores da rede estadual de ensino. A oficina foi oferecida para professores das Diretorias Regionais de Educação (DREs), visando auxiliar na realização de atividades escolares para a educação especial nas salas de recursos multifuncionais. A formação foi criada para atender às demandas em relação à adaptação e flexibilização em atividades práticas, e é voltada para os professores multifuncionais, dividida em cinco encontros presenciais. No total, participaram das oficinas um público-alvo de 213 professores.

De acordo com Lilian Alves, a formação continuada para os professores das salas de recursos multifuncionais é necessária para qualificar o atendimento desses docentes aos estudantes que necessitam desse ensino inclusivo. “A expansão dessas salas só é possível com a formação de professores especializados. Desta maneira, a Seduc tem investido em formações continuadas, no qual docentes são capacitados na adaptação de materiais pedagógicos e avaliações”, completou. Para atuar na sala de recursos, os professores necessitam da formação inicial no Magistério e especialização na área da educação especial. Existem atualmente 125 salas de recursos em funcionamento em todo o estado, com perspectiva de ampliação à medida que forem aumentando a quantidade de profissionais capacitados para atuarem no espaço. 

Lilian Alves ressaltou ainda que o atendimento ofertado nas salas de recursos é complementar ao ensino regular. “Ele não substitui o ensino regular, tanto é que ele é ofertado no turno contrário ao ensino regular. É um trabalho de atividades que vai fazer com que, por exemplo, um estudante que tenha deficiência intelectual o professor trabalhe jogos de pareamento, jogos que estimulam o desenvolvimento cognitivo daquele estudante. E por meio desse trabalho lúdico, de jogos, esse cérebro é estimulado a pensar. Essa estimulação cognitiva trabalhada na sala de recursos acaba reverberando no ensino regular, na hora em que os alunos vão aprender”, destacou, ao frisar que as salas estão sendo constantemente equipadas com novos materiais pedagógicos e tecnológicos, para melhor atender às necessidades dos alunos.

Modelo de Inclusão

A Escola Estadual 11 de Agosto, situada no bairro Getúlio Vargas, região central de Aracaju, é referência dessa abordagem inclusiva. A instituição atende 230 alunos, dos quais 180 possuem algum tipo de deficiência. A escola oferece duas modalidades de ensino: classes especiais pela manhã, com currículos adaptados, e turmas inclusivas do 6º ao 9º ano à tarde, onde alunos com e sem deficiência estudam juntos. Essa estrutura permite um ensino adaptado às necessidades individuais, respeitando as capacidades e limitações de cada estudante.

O diretor da instituição, Cledson Santos Inácio, ressaltou o desafio de lidar com uma ampla diversidade de necessidades. Ele enfatizou a importância do aprimoramento constante da equipe para compreender e maximizar o potencial de cada aluno. “A escola realiza um estudo de caso detalhado para cada aluno, chamado de anamnese, para planejar a melhor abordagem pedagógica”, explicou Cledson. 

No contraturno, os alunos frequentam a sala de recursos, onde recebem um atendimento individualizado. Professores especializados trabalham para eliminar barreiras cognitivas, facilitando a integração dos alunos nas aulas regulares. A professora Clenize Galdino falou da sua experiência na sala de recursos multifuncionais. Com formação em pedagogia e especialização em educação inclusiva, a professora atua há nove anos na área, destacando o prazer de ver o progresso dos alunos com necessidades especiais. “É um trabalho difícil, mas gratificante. Cada estudante é único, com suas características e necessidades específicas, o que exige uma abordagem personalizada. A primeira coisa é identificar as necessidades e traçar objetivos para minimizar essas dificuldades”, afirmou.

A Sala de Recursos desempenha um papel essencial na vida dos alunos com deficiência, proporcionando um espaço onde eles podem receber atendimento focado em suas necessidades específicas. Para Clenice, o envolvimento da família é fundamental no processo educativo. “Sem o apoio da família, não tem como a gente andar,” afirmou. Ela destacou que, mesmo para crianças sem deficiência, a presença e o apoio da família são cruciais para o desenvolvimento acadêmico e pessoal. “Na Escola 11 de Agosto, as famílias são muito presentes e ativamente engajadas no progresso dos alunos, sempre em busca de melhorias”.

Impacto e desafios

Em constante aprimoramento, a Escola Estadual 11 de Agosto segue comprometida em proporcionar um ambiente educacional inclusivo e de qualidade. O diretor destacou que conta com uma equipe dedicada no intuito de melhorar as condições de ensino e aumentar a capacidade de atendimento das salas de recursos, para garantir que todos os alunos tenham acesso ao suporte necessário para o desenvolvimento educacional. “A dedicação da equipe e a busca contínua por qualificação demonstram o compromisso da instituição com uma educação inclusiva e de qualidade. A escola não apenas educa, mas também acolhe, respeitando as diferenças”, disse.

Um exemplo de sucesso é João Paulo Barbosa, de 34 anos, que com deficiência intelectual encontra na sala de recursos um ambiente acolhedor e propício para seu desenvolvimento. Ele expressou com entusiasmo seu amor pela escola e pelo espaço que o apoia tanto academicamente quanto socialmente, promovendo sua integração e bem-estar geral. “Eu tô amando. Gosto muito dessa escola. Adoro estar aqui”, contou. 

A coordenadora do Serviço de Educação Inclusiva da Seduc concluiu que o sucesso das salas de recursos depende de uma gestão escolar comprometida com visão inclusiva. “Educação sem inclusão, equidade e igualdade não é mais uma opção. Você não pode falar em educação sem falar em inclusão, seja da pessoa com deficiência, do estudante do campo, indígena, negro. Enfim, a inclusão de todos. Quando você passa a fazer educação com um olhar inclusivo, você passa a fazer educação”, afirmou, destacando a importância desses pilares para a educação contemporânea.

Redação

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