Morre Hermeto Pascoal, gênio alagoano da música universal, aos 89 anos

Sua obra misturava jazz, forró, samba, frevo e sons do cotidiano numa proposta inovadora
O Brasil se despede de um de seus maiores gênios musicais. O multi-instrumentista Hermeto Pascoal, alagoano de Olho d’Água, povoado próximo ao município de Lagoa Grande, na região de Arapiraca (AL), faleceu neste sábado (14), aos 89 anos. A informação foi confirmada por meio das redes sociais do artista. A causa da morte não foi divulgada. Hermeto estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro.
Figura central da música instrumental brasileira e referência internacional, Hermeto Pascoal foi compositor, arranjador, improvisador e dominava uma infinidade de instrumentos. Sua carreira, iniciada aos 14 anos, foi marcada pela ousadia criativa e pela liberdade artística, o que o levou a ser reverenciado por nomes como Elis Regina e Miles Davis, que o chamou de “um dos músicos mais importantes do planeta”.
Apesar de ter passeado por gêneros como o jazz, o forró, o samba e o frevo, Hermeto gostava de dizer que fazia “música universal” — uma fusão única entre o experimental e o popular, entre o erudito e as raízes nordestinas que nunca abandonou.
Nascido em 22 de junho de 1936, o alagoano era conhecido por transformar qualquer objeto em instrumento e por criar melodias com sons da natureza, vozes humanas e até utensílios domésticos. Seu talento o levou a conquistar reconhecimento mundial, com prêmios importantes, como o Grammy Latino, que venceu em três ocasiões.
Em 2024, aos 88 anos, ele lançou seu último álbum com músicas inéditas, “Pra Você, Ilza”, uma homenagem à sua esposa, Ilza da Silva, com quem viveu por mais de quatro décadas.
Hermeto Pascoal deixa um legado incomparável para a música brasileira e mundial. Ele parte deixando seis filhos, 13 netos e 10 bisnetos, além de uma imensa legião de admiradores e músicos influenciados por sua genialidade.
O mundo perdeu um artista único, mas o som de Hermeto — esse sim — será eterno.