Adiamento das aulas em Parnamirim gera revolta e expõe falhas na gestão

Adiamento das aulas em Parnamirim gera revolta e expõe falhas na gestão

Falta de pagamento a terceirizados e comunicação tardia causam transtornos para 24.842 alunos. Aulas foram remarcadas para 24 de fevereiro

O adiamento do retorno das aulas na rede municipal de Parnamirim, inicialmente previsto para o dia 11 de fevereiro de 2025, gerou revolta entre pais, alunos e vereadores. O anúncio foi feito na madrugada do mesmo dia, causando transtornos para famílias que só descobriram o cancelamento ao chegarem às escolas. O adiamento foi justificado pela falta de pagamento dos terceirizados da empresa Solaris, responsável por serviços de apoio nas escolas, como merenda, limpeza e portaria.

A prefeita Nilda Cruz (SDD) assumiu a responsabilidade pela decisão, mas a comunicação tardia e a falta de planejamento foram alvo de críticas dos vereadores. O vereador Gabriel César (PL) destacou a falta de transparência. “Como é que faz um anúncio faltando oito horas para o início das aulas? Praticamente de madrugada. Muitos pais só descobriram ao chegar nas escolas que não teria aula”.

Prefeita Nilda assume responsabilidade pelo adiamento, mas comunicação tardia e falta de planejamento são criticadas por vereadores e pais.

A empresa Solaris, responsável pelos serviços terceirizados, foi apontada como uma das principais causas do problema. O vereador Maicon Borges afirmou que, “errado é quem está no meio dessa discussão. Errado é quem não pagou e errado é a empresa que não pagou o seu funcionário, porque a empresa tem que ter a sua reserva de caixa para fazer esse pagamento”.

Além da falta de pagamento aos terceirizados, vereadores relataram que muitas escolas não estavam preparadas para o retorno das aulas. O vereador Tiago Fernandes (PP) questionou: “Nessas mesmas escolas que eu verifiquei, nenhuma delas tinha merenda. Então, será que iriam começar sem a merenda? Porque os servidores estavam lá. E a merenda? Iria iniciar sem merenda o ano letivo?”.

A prefeita Nilda foi elogiada por assumir a crise, mas também criticada pela falta de planejamento. O vereador Ítalo de Brito (PSDB) afirmou: “A prefeita foi corajosa. Ela não mandou ninguém para dar recado. Ela foi para a frente, ela fez, ela foi para a TV logo cedo dizer ‘eu estou assumindo aqui, porque está tudo errado’”.

A líder do governo, vereadora Rhalessa de Clênio (SDD), defendeu a gestão e afirmou que a merenda já estava sendo entregue nas escolas desde o dia anterior ao adiamento. Ela também destacou que a mudança de data para o dia 24 de fevereiro foi necessária para evitar um caos maior.

“O que adiantaria os alunos iniciarem as aulas se não tinham em todas as escolas merendeira, se não tinham porteiro, se não tinham o responsável pela limpeza? Quem seriam os maiores responsabilizados? Os diretores? Porque uma vida vale muito”, disse a parlamentar.

A situação dos terceirizados também foi discutida. O vereador Afrânio Bezerra (PL) cobrou soluções. “A Solaris teve um dos seus pagamentos do que estava atrasado já em conta. E está totalmente errada quando não se tem nem 90 dias ainda e praticamente mobilizam essa paralisação de seus funcionários para prejudicar a gestão”.

O adiamento das aulas afetou diretamente 24.842 alunos da rede municipal, segundo dados mencionados na sessão. A falta de comunicação e a incerteza sobre o retorno das aulas deixaram pais e alunos em situação de desamparo. O vereador Maicon Borges comparou a situação a um “dilema de Sofia”. “Você vai mandar a criança para a escola com o risco dela simplesmente a aula ser suspensa, ela ser dispensada? É complicado”.

A Câmara Municipal de Parnamirim aprovou moções e requerimentos para cobrar soluções da gestão municipal, incluindo a convocação do secretário de Finanças e do responsável pela empresa Solaris para esclarecimentos. Enquanto isso, pais e alunos aguardam o retorno das aulas, previsto para o dia 24 de fevereiro, com a expectativa de que os problemas sejam resolvidos.

A sessão foi encerrada com um apelo do presidente da Câmara: “Quando um estudante deixa de ir à escola, uma geração inteira para de sonhar. E hoje foram 24.842 alunos que deixaram de ir”.l

Redação

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *