Bacalhau do Batata leva alegria e irreverência a foliões em Olinda

Amantes do Carnaval tomaram as ladeiras da cidade alta
Nem mesmo quando acaba, o Carnaval termina. Isso porque a irreverência e a alegria dos foliões predominam no Bacalhau do Batata, que arrasta o público pelas ladeiras de Olinda. A concentração aconteceu no Alto da Sé, na manhã desta Quarta-feira de Cinzas (5).
Centenas de pessoas que não aceitam se desgrudar da folia de Momo se fizeram presentes no local. São bons ‘inimigos do fim’ e já não veem a hora de chegar o Carnaval 2026.
“É inaceitável vir ao Carnaval de Olinda e faltar ao Bacalhau do Batata. É a ‘benção’ para que a gente venha se despedir da folia. O bacalhau é massa demais. Eu amo estar aqui”, disse, feliz, a pediatra Rosângela Galvão, de 42 anos.
O bloco foi fundado em 9 de fevereiro de 1962 por Izaías Ferreira da Silva, que era garçom. A organização viu o Bacalhau do Batata como uma opção para quem trabalhava no Carnaval e queria aproveitar o último dia da folia. Izaías morreu em 1993, mas familiares e amigos carregam a tradição até hoje.
O estandarte do bloco é feito com bacalhau e ingredientes que, normalmente, compõem o preparo do peixe, como tomates, cebolas, cenouras, alface e batatas. Hoje o bloco é presidido por Fátima Araújo, sobrinha de Batata, que conta como tem conseguido levar a frente essa tradição.
“Ele é eterno. Não morre, não. Está aí, nas ruas de Olinda. É muito emocionante levar o bloco adiante. A alegria que ele tinha é a mesma que eu sinto hoje. É bom ver as pessoas felizes, sempre alegres. O Carnaval tem que continuar, mesmo que seja a Quarta-feira de Cinzas. Batata amava ver os foliões alegres no bloco”, declarou ela.
Foi a primeira vez que o turista aracajuano Fernando Gramoza, de 40 anos, veio ao Bacalhau. “Mais cedo, ouvir dizer que o Carnaval acabou. Acabou para quem? Assisti à construção do estandarte original, ali, e agora vim para cá. É alegria e tranquilidade. Com certeza, as ruas de Olinda, agora, estão mais livres e nós vamos curtir com mais tranquilidade e respeito a diversidade. Lembrando que ‘Não é nao’. Tem que se hidratar, tomar uma cerveja, abraçar os amigos e curtir o Carnaval”, frisou ele, que é professor.
Já a moradora da Várzea, Zona Oeste do Recife, Íris Rodrigues, de 45 anos, que é funcionária pública, tem presença registrada no bloco. Ela vem todos os anos e não perde a oportunidade de cair no frevo.
“O Carnaval às cinzas é para quem não quer deixar terminar. Eu sempre fico surpresa e me pergunto: ‘Como assim, o Carnaval acabou?’. O Bacalhau é dos trabalhadores, que também têm direito a essa folia geral. É a nossa tradição. Eu adoro o Bacalhau”, falou ela.