Celulares nas escolas: 83% dos cearenses são favoráveis à proibição total ou parcial, aponta pesquisa

Celulares nas escolas: 83% dos cearenses são favoráveis à proibição total ou parcial, aponta pesquisa

Levantamento feito pelo Instituto Opnus e divulgado pelo Diário do Nordeste indica que a população cearense aprova a medida que se tornou lei federal esse mês

Celulares nas escolas: 83% dos cearenses são favoráveis à proibição total ou parcial, aponta pesquisa
Levantamento feito pelo Instituto Opnus e divulgado pelo Diário do Nordeste indica que a população cearense aprova a medida que se tornou lei federal esse mês
Escrito por
Thatiany Nascimento
thatiany.nascimento@svm.com.br
24 de Janeiro de 2025 – 06:53
(Atualizado às 07:02)
CEARÁ

Legenda: Lei Federal proíbe o uso dos aparelhos durante as aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica
Foto: Shutterstock

O ano letivo de 2025, que em muitas escolas do Ceará terá início no mês de fevereiro, trará uma grande mudança: a proibição do uso de celulares nas salas de aula em todo o território nacional. No Estado, que já possui uma norma sobre o tema em vigor desde 2008 (Lei Estadual 14.146/2008), a restrição conta com o apoio da população. Um levantamento feito pelo Instituto Opnus e divulgado pelo Diário do Nordeste revelou que 83% dos cearenses são favoráveis à proibição total ou parcial dos aparelhos nas unidades escolares.

A pesquisa, realizada entre os dias 12 e 20 de janeiro de 2025 ouviu 4.000 pessoas e mostrou que, entre os 83% que apoiam a proibição, 39% defendem que os celulares sejam totalmente proibidos nas escolas, enquanto 44% acreditam que o uso deve ser restrito à sala de aula, podendo ser permitido durante o recreio. Outros 16% dos entrevistados acham que os aparelhos devem ser autorizados e 1% não souberam ou não quiseram responder.

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A Lei Federal 15.100/2025, sancionada este mês pelo presidente Lula, proíbe o uso dos aparelhos durante as aulas, recreios e intervalos em todas as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio), tanto em escolas públicas quanto privadas.

O levantamento no Ceará foi realizado com a população de 16 anos ou mais de diversas regiões do Estado, sendo 54% mulheres e 46% homens entre os entrevistados.

Na pesquisa, os entrevistados foram questionados: “na sua opinião, os celulares devem ser proibidos nas escolas ou devem ser permitidos? Se proibidos, devem ser totalmente proibidos ou devem ser proibidos apenas durante as aulas e permitidos durante o recreio?”. E as respostas por gênero foram as seguintes:

Mulheres
85% avaliam que devem ser proibidos
14% opinam que devem ser permitidos
Dos que defendem a proibição, 43% acreditam que devem ser totalmente proibidos e 43% permitidos no recreio.
Homens
81% avaliam que devem ser proibidos
18% opinam que devem ser permitidos
Dos que defendem a proibição, 36% acreditam que devem ser totalmente proibidos e 45% permitidos no recreio.
*pelo arredondamento de decimais, a soma das respostas pode variar de 99% a 101%.

Sobre o amplo apoio à proibição, ainda que tenha variação na gradação do veto total ou parcial, o cientista político e diretor do Instituto Opnus, Pedro Barbosa, avalia que um fator relevante é a decisão de aprovação da lei ter sido precedida de debate público.

Além disso, aponta, a sociedade “vem tratando do tema, com casos de proibições por parte de outras esferas governamentais e em escolas particulares, recomendações de organismos internacionais e instituições ligadas à educação, tudo amplamente repercutido pela mídia”, completa.

“Penso que os dados da pesquisa mostram como esse debate público contribuiu para a formação da percepção da população, uma vez que vem se alertando para os prejuízos que a dependência excessiva das telas causa, especialmente no ambiente escolar, gerando dificuldades ao aprendizado, concentração e socialização. Os números apontam que a população compartilha desse entendimento e, assim, apoia a decisão do governo”.
Pedro Barbosa
Diretor do Instituto Opnus
MAIS JOVENS SÃO MENOS FAVORÁVEIS À PROIBIÇÃO

Ainda que o apoio à proibição seja predominante entre todos os grupos etários, no detalhamento do recorte por idade, a pesquisa indica que os entrevistados que têm entre 16 e 24 anos são os menos favoráveis ao veto dos uso dos aparelhos nas escolas. Na outra ponta, entre a população idosa, com 60 anos ou mais, apenas 7% endossam a permissão de uso.

Conforme o levantamento, o apoio a proibição entre o cearenses cresce proporcionalmente de acordo com o avanço das idades:

16 a 24 anos: 64% avaliam que os celulares devem ser proibidos; 35% consideram que devem ser permitidos e 1% não respondeu;
25 a 34 anos: 80% avaliam que os celulares devem ser proibidos e 20% consideram que devem ser permitidos.
35 a 44 anos: 84% avaliam que os celulares devem ser proibidos; 14% consideram que devem ser permitidos e 1% não respondeu;
45 a 59 anos: 89% avaliam que os celulares devem ser proibidos; 9% consideram que devem ser permitidos e 2% não responderam;
60 anos ou mais: 92% avaliam que os celulares devem ser proibidos; 7% consideram que devem ser permitidos e 1% não respondeu.
Em relação à divisão por grupos etários, o diretor do Instituto Opnus, Pedro Barbosa, explica que “como a pesquisa não pergunta por que o entrevistado apoia ou não a proibição, só nos cabe refletir sobre essas motivações”.

De acordo com ele, o fato de os mais jovens serem mais favoráveis à permissão deixa claro a percepção distinta que diferentes gerações têm sobre os efeitos negativos do uso excessivo do celular.

“Considerando o público de 16 a 24 anos, certamente temos entrevistados ainda em idade escolar e outros que concluíram o ensino médio há poucos anos. Sabendo que o uso frequente de celular é mais comum nessa faixa etária, é provável que muitos não compartilhem da visão de que esse uso contínuo seja um problema em sala de aula ou, ainda, que vejam problemas no uso do celular nas escolas, porém não acreditem que a proibição é a forma de resolver a questão”.
Pedro Barbosa
Diretor do Instituto Opnus
Outro ponto verificado na pesquisa é o apoio à medida entre quem tem filhos estudantes e os que não têm.

Em ambos os grupos, aponta a pesquisa, há apoio à proibição, sendo que entre entrevistados que têm filhos ou são responsáveis por crianças matriculadas na escola, 85% concordam que o uso deve ser vetado e 14% defendem a permissão. Já entre os que não têm filhos, 81% apoiam a proibição e 18% acreditam que o uso deve ser autorizado.

LEI SERÁ REGULAMENTADA

A Lei Federal que proíbe os celulares nas unidades escolares, conforme o Governo Federal, deve ainda ser regulamentada até o dia 13 fevereiro, por meio de decreto. Com isso, será definido a aplicação prática da norma nas escolas.

A partir disso, os estados e municípios terão a responsabilidade de definir as formas mais adequadas para a aplicação da lei, considerando as características de cada localidade.

Em nota publicada no próprio site, o Sindicato dos Estabelecimentos de Educação e Ensino da Livre Iniciativa do Estado do Ceará (Sinepe-CE), entidade que representa as escolas particulares, reforçou que a norma federal veta o uso em diversas situações e só permite em alguns casos:

Para fins pedagógicos ou didáticos, quando orientado pelo professor;
Para garantir acessibilidade e inclusão, como o uso de tecnologias assistivas para estudantes com deficiência;
Em emergências ou condições de saúde, incluindo o uso de dispositivos como para monitoramento médico.
O Sinepe orienta que as instituições de ensino atualizem os documentos escolares, como regimento interno e proposta pedagógica, para incluir as novas determinações estabelecidas pela Lei Federal. Outro ponto é que as escolas, indica o Sindicato, devem “inserir no Regimento a previsão disciplinar ao aluno que descumprir a legislação”.

Redação

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