Centro de Cultura Engenho Central de Pindaré-Mirim realiza programação artística nesta quinta-feira (27)

Centro de Cultura Engenho Central de Pindaré-Mirim realiza programação artística nesta quinta-feira (27)

O grande destaque da noite será o show do rapper O’Shoock e do DJ WUK

Nesta quinta-feira (27/11), o Engenho Central de Pindaré-Mirim será sede de uma rica programação artística em alusão ao encerramento do Novembro Negro, que teve como principal data de celebração o 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A estrutura centenária foi inaugurada no ano de 1884, servindo como uma grande produtora de açúcar no século XIX, momento em que o produto era cada vez mais valorizado por sua força no comércio nacional e internacional.

Em 2018, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) realizou uma série de reformas a fim de transformar o espaço. O que antes era signo de dor e servidão, no ano seguinte passou a refletir o desejo da população local por ressignificação e valorização da cultura. A partir de então, exposições artísticas e eventos culturais se aliaram às salas destinadas ao memorial, cineteatro, biblioteca e salas de capacitação para formar o que hoje se conhece como o Centro de Cultura Engenho Central de Pindaré-Mirim.

Segundo o diretor geral do Centro, Edilson Brito, “as atividades acontecem no mês de novembro para evidenciar a discussão sobre as lutas necessárias para garantir direitos ao povo negro. A Música, as Artes Visuais e a Dança configuram nas ações um meio que potencializa o debate acerca das necessárias políticas aos grupos étnicos”.

Apresentações artísticas

Com início a partir das 15h, o evento têm como norte a “Roda de Conversa Afro-brasileira: Cultura, Educação, Literatura e Música”, que convida algumas personalidades destes nichos. Dentre elas, estão a rapper e escritora Jéssica Cantanhede; o escritor Evilásio Júnior; os docentes Maria do Socorro Coêlho Botelho e João Batista Cardoso Botelho. Além disso, às 19h o rapper O’Shoock e o DJ WUK se apresentam, acompanhados de Jéssica Cantanhede e Mc Noiro, para finalizar o dia de atrações e valorização da cultura e do povo negro.

“O’Shoock é uma voz contemporânea em defesa do povo negro, que por meio de sua poesia falada ou cantada faz ecoar a necessidade da periferia. Estabelecer um diálogo, Roda de Conversa, entre intelectuais da academia e os artistas que abordam essa temática é fulcral nos dias de hoje para ampliar a consciência negra na nossa sociedade”, sinaliza o gestor Edilson Brito.

Nas palavras do rapper, “a cultura Hip Hop funciona como uma carta de alforria, sabe? Uma carta de alforria escrita por nós mesmos. Antes de conhecer o Rap e o Hip Hop, eu era um cara intimidado. Não via perspectiva pro futuro. O que eu tinha em minha volta eram pessoas no subemprego e pessoas na criminalidade. E eu não via alternativas que estavam ao meu alcance, até conhecer o Rap. Estar no Engenho Central, um espaço que foi ocupado pelos nossos, um espaço onde o nosso povo foi escravizado, é muito importante, e nós estamos aqui ressignificando esse espaço. É muito importante tanto para os mais jovens que estão por vir quanto para nós que somos desta geração”.

O’Shoock e DJ WUK: Hip Hop, poder e representatividade

Das quebradas do Maranhão para o Brasil, Wuk é DJ, produtor musical e vencedor do Prêmio Papete 2025. O artista carrega em seu som o peso de suas raízes com o ritmo das ruas.

Aos 25 anos, O’Shoock é um multiartista, pai, arte educador do IEMA e articulador cultural que entrelaça rap, audiovisual, poesia marginal e ativismo em uma trajetória marcada pela potência da arte como ferramenta de resistência e transformação social.

Nascido e criado no Maranhão, iniciou sua caminhada como DJ de radiola, estrutura tradicional das festas populares do estado. Desde cedo, expressa sua vivência através de textos e poesias que evoluíram para performances intensas em Slams, onde sua voz encontrou espaço, escuta e força.

Em 2024, foi reconhecido como uma das revelações da música amazônica, integrando o Aposta Psica, em Belém do Pará — um marco que reafirma sua relevância na cena contemporânea e sua força enquanto representante da nova geração de artistas do Norte e Nordeste.

Misturando rap, poesia marginal e ritmos populares da diáspora maranhense, O’Shoock transforma suas apresentações em verdadeiros rituais de autoestima, ancestralidade e empoderamento — exaltando a potência de quem veio da quebrada e fez da arte um ato de permanência.

Redação

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