Com chuvas no sertão, mais de 40 cidades do CE têm acumulados acima da média em junho; veja locais

Segundo informações da Funceme, chuvas no centro-sul do Ceará foram influenciadas por uma frente fria que estacionou na altura de Alagoas e Sergipe. Mas não há previsão de chuvas “generalizada” para o Estado
Até a última segunda-feira (23), já choveu mais do que a média normal para o mês de junho em 42 municípios do Ceará. Mais da metade deles estão localizados no Cariri (14) e no Sertão Central e Inhamuns (9). Porém, outros locais do Estado, que têm médias históricas maiores para o mês de junho, também já registraram mais chuvas neste mês.
Na maioria dessas cidades, costuma chover pouco nesse período, o que leva a grandes desvios positivos com pouca chuva. É o caso de Porteiras, no Cariri, onde choveu 76,8 mm até a última segunda-feira — 327,4% a mais do que a normal climatológica para o mês, que é de 18 mm. Esse conceito refere-se à média, com base em dados em períodos de 30 anos.
No Sertão Central, um exemplo assim é Quiterianópolis, cuja normal é de 6,7 mm e o volume registrado até a data mais recente foi 127,7% maior: 15,3 mm. Em Tauá, a média é de 14,3 mm em junho, e o município registrou, até agora, 32,4 mm — uma variação de 126,1%.
Por outro lado, também já choveu mais que a média climatológica em algumas das cidades com maiores médias Estado para esse período. Por exemplo, em Pacoti, no Maciço de Baturité, a normal climatológica é de 160,9 mm — a segunda maior para o mês. Até o último 23 de junho, a cidade registrou uma média de 186,2 mm, 15,7% a mais.
Outro caso é o município de Paracuru, no litoral de Pecém, onde a média climatológica é de 129,3 mm e, até a última segunda, a Funceme registrou 242,4 mm — volume 87,5% maior.
Vinicius Oliveira, meteorologista e pesquisador da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), destaca a questão das médias históricas baixas, que levam a altos desvios com pouca chuva. Ele cita o caso de Jardim, município do Cariri, onde a normal é de 39,1 mm e que registrou média de 66,1 mm ao longo deste mês, até o dia 23.
Porém, só no posto Serra Boca da Mata L, no último dia 18, foi registrada uma chuva de 34 mm. “Foi uma coisa bem pontual. No restante dos dias, acabou não chovendo tanto. São poucos dias com chuva, mas chuvas que são consideráveis, e acabam aumentando a média”, afirma.
O meteorologista também explica que as chuvas no centro-sul do Estado foram influenciadas por uma frente fria que estacionou na altura de Alagoas e Sergipe. Mas ele pondera que não há previsão de chuvas “de modo generalizado” para o Estado, e que por isso a média tende a diminuir.
“Mas locais pontuais do Cariri podem ficar acima da média em junho. Isso aconteceu justamente por conta de perturbações de leste no Nordeste”, afirma o meteorologista.
O meteorologista aponta a atuação de um Cavado, um sistema de baixa pressão atmosférica que favorece a formação de nuvens, no leste da região Nordeste, o que “pode trazer chuva para cá”. “Essas perturbações que vêm do leste causam chuvas, é justamente a estação chuvosa do leste do Nordeste, e acabam respingando para a gente aqui”, complementa.
A ocorrência de chuvas no Ceará é dividida em três momentos, segundo informações da gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto.
- Pré-estação: de dezembro a janeiro, quando atuam os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) e as frentes frias;
- Quadra chuvosa: de fevereiro a maio, quando atua a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT);
- Pós-estação: junho a novembro, quando atuam os Distúrbios Ondulatórios de Leste (DOLs).
Previsão do tempo para o Ceará
Em vídeo publicado nas redes sociais da Funceme, o meteorologista e pesquisador Vinicius Oliveira, afirma que a previsão do tempo indica predomínio de estabilidade atmosférica em todas as macrorregiões do Ceará.
“No entanto, há possibilidade de chuva em áreas do sul do Estado. No centro-sul da região Jaguaribana, centro-sul do Sertão Central e Inhamuns e Cariri, por conta de áreas de instabilidade do leste do Nordeste, devido à atuação de um Cavado”, explica.