Confira os enredos de algumas quadrilhas juninas de Sergipe 

Confira os enredos de algumas quadrilhas juninas de Sergipe 

Fé é o fio condutor dos espetáculos que encantarão as festas em todo o estado

Com a chegada do ciclo junino em Sergipe, o brilho das quadrilhas volta a tomar conta dos arraiás e palcos do estado. Em 2025, três das mais tradicionais – Pioneiros da Roça, Unidos em Asa Branca e Meu Sertão – apresentam enredos que mergulham na fé, no humor e nas raízes culturais afro-indígenas, tudo para encantar e emocionar o público. 

Cada uma delas propõe, a seu modo, um espetáculo que vai além da dança e da música: um verdadeiro manifesto artístico sobre a identidade e a cultura popular nordestina. O Portal F5 News falou com os temáticos – profissionais que são responsáveis pelos temas – e traz os detalhes e novidades dessas três quadrilhas que se apresentarão em vários arraiás sergipanos. Confira:

Pioneiros da Roça: Divina Pastora, Renda Irlandesa e Protagonismo feminino
Com 44 anos de história e cerca de 180 integrantes em cena, a quadrilha Pioneiros da Roça apresenta em 2025 o espetáculo “Divina!”. A montagem mergulha na religiosidade popular ao destacar a figura da Divina Pastora, padroeira do Estado de Sergipe, e na riqueza cultural da Renda Irlandesa, patrimônio imaterial do Brasil. 

Reprodução- Redes Sociais

A proposta do espetáculo nasceu a partir de uma pesquisa do temático Zé Emerson, de 38 anos. “Solicitei ao Iphan de Sergipe a documentação oficial, e, em seguida, mergulhei nas origens da Divina Pastora, descobrindo que a primeira aparição dela teria ocorrido em 24 de junho, dia de São João, em Sevilha, na Espanha”, conta.

Mais do que um espetáculo religioso, “Divina!” propõe uma celebração do fazer artesanal e do protagonismo feminino, destacando as mulheres que mantêm viva a tradição da renda e da fé. “Queremos colocar holofotes na devoção da Divina Pastora para todo o Brasil e gerar conhecimento sobre a Renda Irlandesa”, afirma Zé Emerson. A quadrilha aposta em uma montagem que une pesquisa histórica, estética junina e valorização cultural em cada detalhe da encenação.

Unidos em Asa Branca: O humor como devoção junina
A Unidos em Asa Branca, que completa 45 anos em 2025, aposta na leveza e no bom humor para falar sobre a fé e a celebração da vida. Com cerca de 150 integrantes no elenco, a quadrilha apresenta o enredo “1 Promessa para 1/2 Santo”, uma criação do temático Leandro Santolli, de 38 anos.  

“Trata-se de uma ideia que nasce, como muitas das que proponho, desse lugar que já elegi como meu campo criativo: a interseção entre o popular, o humor e o teatro”, afirma Santolli. O espetáculo dialoga com o imaginário popular e busca despertar tanto o riso quanto o espanto, convidando o público a refletir sobre o significado do São João.

A mensagem central da montagem é clara e afetiva: “a importância de brincar o São João. De ser, antes de tudo, brincante, alguém que se diverte, que se entrega, que encontra no gesto de dançar, cantar e encenar uma forma de celebração da vida”, destaca o temático. A quadrilha reforça, assim, o valor da cultura popular como espaço de resistência e alegria.

Meu Sertão: A fé que cura e ancestralidade que guia
Com 39 anos de existência e 168 componentes no elenco, a quadrilha Meu Sertão apresenta em 2025 o enredo “Mãos que benzem, Fé que cura”. A proposta é um mergulho profundo na espiritualidade popular e nas sabedorias e na cultura ancestral. 

Segundo o temático Marllon Willian, de 33 anos, a inspiração para a temática veio de sua própria história. “Sou neto de uma benzedeira e profundo admirador da cultura afro-indígena. Minhas raízes familiares e meu envolvimento com as tradições populares foram fundamentais para a construção de uma narrativa autêntica e carregada de significado cultural”, conta.

A proposta foi construída a partir de pesquisas e colaborações com o coreógrafo Alexandre Magno, e busca valorizar “as práticas de cura tradicionais, especialmente aquelas transmitidas pelos curandeiros e benzedeiras do povo, guardiões da fé, da natureza e da espiritualidade popular”, afirma.

Com essa temática, a Meu Sertão reforça seu papel na formação cultural e identidade nacional, resgatando valores espirituais muitas vezes marginalizados e apresentando-os como pilares de resistência e sabedoria.

Relação entre elas
Os três espetáculos tem algo em comum: cultuar a fé de forma harmoniosa. Seja por meio da devoção à Divina Pastora, do riso como celebração ou do resgate das sabedorias ancestrais, cada quadrilha encontra na espiritualidade uma forma singular de expressão cultural. As quadrilhas juninas de Sergipe mostram que o São João vai além da festa: é uma manifestação artística de identidade, fé e memória. Cada enredo é um gesto de amor pela cultura popular, um convite ao público para dançar não só com os pés, mas com o coração.

Redação

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