Cortejo dos Santos Juninos leva fé, música e cultura popular do Morro ao Sítio Trindade

Com 20 bandeiras, orquestras e passistas de frevo, procissão celebra tradição religiosa e cultural
Entre rezas, forró e cores vibrantes, a Procissão dos Santos Juninos ocupou as ladeiras do Morro da Conceição, Zona Norte do Recife, nesta quarta-feira (18), abrindo oficialmente o ciclo junino na capital pernambucana.
A celebração, que reúne tradição religiosa e manifestações populares, contou com a participação de 20 bandeiras de grupos culturais da Região Metropolitana, além de quatro orquestras e o projeto Ciclofrevo Junino, com passistas que celebram o frevo enquanto pedalam bicicletas ornamentadas.
A concentração começou às 17h, em frente ao Santuário de Nossa Senhora da Conceição, onde as bandeiras foram abençoadas pelos padres redentoristas.
Às 18h, teve início o cortejo em direção ao Sítio Trindade, em Casa Amarela. Fiéis acompanharam o trajeto, que foi embalado por hinos sacros, xotes e marchinhas. A Bandinha Junina Mendes e as orquestras Som Brasil, 19 de Fevereiro e Frevo Mix conduziram o ritmo da caminhada.
Para a secretária de Cultura do Recife, Milu Megale, manter viva essa tradição é essencial. “É importante mostrar que o ciclo junino começa aqui, com o povo e com fé. É uma emoção muito grande sair daqui do Morro, com a graça de Nossa Senhora e dos nossos santos juninos, rumo ao Sítio Trindade. A gente investe nisso com muito amor, para garantir um São João de paz, alegria e respeito, como nossos santos e o povo merecem”, disse Megale durante a concentração.
O cortejo, promovido pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundação de Cultura Cidade do Recife, também teve a presença de grupos como o Acorda Povo do Bacnaré, Patrimônio Vivo do Recife , que recepcionou a procissão no Sítio Trindade. O andor com as imagens dos santos juninos permanece no local até o encerramento dos festejos, no fim do mês.
Orgulho
Participando pela 12ª vez, o grupo “Viver a Vida”, da Campina do Barreto, levou a bandeira de São João confeccionada pelas próprias integrantes.
“Nosso grupo tem 16 anos, e a gente participa dessa procissão com muito orgulho. É a melhor coisa do mundo. Cada ano é uma emoção nova. Já virou tradição pra gente”, contou, emocionada, a aposentada Severina Pereira, uma das participantes do grupo, formado por mulheres idosas.
Significado
A historiadora da Secretaria de Cultura do Recife, Carmem Lelis, explicou que o cortejo de bandeiras é uma expressão de resistência e identidade cultural da cidade. “É uma prática que mistura o sagrado e o profano, com raízes fortes na cultura popular recifense. Desde o fim dos anos 1990, esse desfile fortalece a memória coletiva e mostra a força das comunidades em manter viva essa celebração”, afirmou.
As bandeiras participantes representaram padroeiros como São João, Santo Antônio e São Pedro, além de figuras da devoção popular. Entre os grupos, estavam o Bloco das Ilusões, Cordas e Retalhos, Acorda Povo do Cambinda Estrela e Compositores e Foliões.