Fonoaudiologia traz conforto e qualidade de vida a pacientes em cuidados paliativos; fórum sobre o tema acontece nesta segunda-feira (9)

Fonoaudiologia traz conforto e qualidade de vida a pacientes em cuidados paliativos; fórum sobre o tema acontece nesta segunda-feira (9)

A Fonoaudiologia é uma das áreas multidisciplinares que integra os cuidados paliativos, abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves e progressivas que ameaçam a vida. De forma abrangente, os profissionais da área atuam em hospitais da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), principalmente no cuidado com a comunicação e a deglutição de pacientes.

A fonoaudióloga do Hospital Estadual Leonardo Da Vinci (Helv), Nathaly Basilio, explica que, no contexto hospitalar, muitos pacientes não conseguem estabelecer uma comunicação verbal efetiva. “É o caso daqueles traqueostomizados que permanecem dependentes de ventilação mecânica. Nesses casos, trabalhamos com comunicação alternativa, buscando meios que permitam ao paciente se expressar, mesmo que de forma não verbal”, explica.

O trabalho do fonoaudiólogo também se concentra na deglutição, principalmente de pacientes que não têm condições de se alimentar por via oral ou só conseguem ingerir alimentos em determinadas consistências. O profissional atua ainda no auxílio às chamadas dietas de conforto.

“Diferente da alimentação voltada para fins terapêuticos ou curativos, a alimentação de conforto prioriza os desejos, preferências e bem-estar do paciente. Analisamos a segurança das consistências alimentares desejadas pelo paciente e, quando viável, oferecemos o que ele deseja, mesmo que sejam necessárias estratégias de compensação para prevenir complicações, como broncoaspiração”, explica a fonoaudióloga Nathaly Basilio.

Internada no Helv, unidade da Sesa, Maria Nilce, 86, foi diagnosticada com um problema grave no coração. Ela tem também uma obstrução no esôfago que dificulta a alimentação. Devido à idade e ao estado geral dela, os médicos descartaram qualquer tipo de intervenção cirúrgica, encaminhando a paciente para os cuidados paliativos e uma dieta de conforto.

Cássia Fonteles, 55, cunhada da paciente, diz que no começo achava que cuidados paliativos eram só para quem tinha câncer. “Não entendia direito o que significava. Mas os médicos foram explicando e conversando com a gente. Descobri que é sobre oferecer conforto, respeitar os limites e garantir o bem-estar dela”, afirma. A acompanhante diz que a cunhada tem recebido bem a dieta de conforto, apesar de às vezes sentir náuseas. “Ela come pequenas quantidades, como a fonoaudióloga explicou. Pede muita laranja, maçã e sopa”, disse.

Cuidado individualizado

Parte da abordagem em cuidados paliativos, Fonoaudiologia dá atenção especial às necessidades de cada paciente

No Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), unidade da Sesa localizada em Messejana, o atendimento aos pacientes em cuidados paliativos internados na unidade, também recebe o reforço do profissional de Fonoaudiologia. A fonoaudióloga Maria Inês Costa, que atua na UTI Adulto, explica que o principal intuito é proporcionar o conforto, bem-estar e segurança quanto à alimentação e comunicação, para que o paciente possa interagir com a equipe, familiares e amigos.

“Geralmente nossa atuação é voltada para proporcionar uma alimentação segura, minimizando os riscos de broncoaspiração e/ou desconforto respiratório, podendo ser feito por adequação de consistências, mudança de posturas corporal e/ou cabeça, assim como na indicação da via alimentar mais eficiente para o paciente”, detalha.

A profissional diz ainda que essas modificações e indicações são individuais, cada paciente tem sua indicação. Ela também pontua que essas mudanças refletem no agradecimento de cada paciente em sua rotina. “O objetivo maior é o conforto nesses momentos. Seja na UTI ou demais unidades, queremos tornar o período de internação confortável e seguro. Cada paciente que atendemos nos proporciona momentos únicos, seja de resiliência, serenidade em adaptar as mudanças da sua rotina, no brilho do olhar e/ou sorriso em receber uma alimentação que traz memórias afetivas e afago no coração”, afirma.

Fórum

Nesta segunda-feira (9), no auditório do HGWA, ocorre o Fórum de Fonoaudiologia do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH). Na ocasião, Luciana Picanço, atual presidente do Conselho Regional de Fonoaudiologia, da 8ª região, fará uma palestra com o tema “A Fonoaudiologia e seu papel nos cuidados paliativos”. O evento, com inscrições encerradas, em formato híbrido, também será transmitido on-line para os inscritos.

Adriana de Oliveira, gerente do Cuidado Multiprofissional do ISGH, diz que a expectativa é discutir o que é a paliação e como os profissionais da fonoaudiologia podem olhar para esse paciente, proporcionando melhores condições para esse paciente. Será debatido o papel do profissional nesse contexto.

“Recentemente, nós tivemos o apoio do Proadi-SUS [Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, parceria entre o Ministério da Saúde e hospitais de referência no Brasil, com o objetivo de melhorar e apoiar o SUS] que está nos capacitando na nova política dos Cuidados Paliativos”. Ela explica que a ideia é unir as técnicas, o manuseio e a forma de trabalhar para padronizar o olhar para o cuidado paliativo e em torno dos profissionais. “Queremos trazer a verdadeira essência da paliação e que as pessoas entendam que estamos em um momento de fim de vida, que precisa ter uma qualidade, estar próximo da família e ser tratado com um olhar diferenciado”, finaliza.

Redação

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