Hospital Infantil abre salão colaborativo voltado às mães de crianças internadas

O ambiente foi pensado para proporcionar momentos de cuidado, autoestima e qualificação profissional às mães que residem temporariamente com seus filhos em tratamento prolongado.

Um gesto de cuidado, afeto e reconhecimento. Foi assim que nasceu o projeto do salão “Cuidar de Quem Cuida”, um novo espaço dentro do Hospital Infantil Lucídio Portella (HILP), pensado especialmente para as mães de pacientes internados em tratamento de saúde.

Instalado no primeiro andar, próximo às enfermarias dos postos heróis e animais, o espaço é simples, mas carrega um valor imenso: proporcionar um momento de autocuidado e elevação da autoestima para aquelas que dedicam seus dias à luta pela saúde dos filhos. “O ambiente foi pensado para proporcionar momentos de cuidado, autoestima e qualificação profissional às mães que residem temporariamente com seus filhos em tratamento prolongado”, informa a diretora geral do HILP, Leiva Moura.

De acordo com a diretora técnica do HILP, Lorena Mesquita, a proposta vai além do acolhimento físico: trata-se de um projeto de fortalecimento emocional e social, com oficinas práticas oferecidas por profissionais voluntários da área da beleza, buscando capacitar essas mulheres para que saiam do hospital com novas possibilidades de geração de renda.

“Muitas destas mães são cuidadoras de crianças com Atrofia Muscular Espinhal (AME), uma doença rara e progressiva que exige dedicação integral. Elas permanecem longos períodos afastadas de casa, de suas rotinas e de oportunidades de trabalho, enfrentando uma rotina intensa de internações, medicações e, muitas vezes, o isolamento. O salão nasce como um espaço de afeto, pertencimento e transformação”, explica a médica Lorena.

O salão é comunitário e colaborativo, funciona de domingo a domingo e o agendamento é organizado pelas próprias mães voluntárias. Os serviços, como lavagem, hidratação, escova, corte, manicure, pedicure e maquiagem, são realizados de forma espontânea, por mulheres que se revezam no cuidado umas com as outras.

“Aqui pude, pela primeira vez, saber o que é ser uma mãe de UTI. Não é fácil. Mas o acolhimento e carinho que recebemos é grande. O espaço é pequeno, mas temos que dar as mãos e ajudar umas às outras. Quem chega e quem sai deve sempre perpetuar o bem e cuidar deste lugar feito para nós”, conta a dona de casa, Francinalda de Oliveira, que está com filho internado.

“É como se fosse nossa casa. Só depende de nós agora transformar esse espaço em algo ainda melhor, porque as diretoras lutam para conseguir, mas somos nós que devemos mantê-lo limpo e organizado”, relata Ana Claudia, uma das mães responsável pela organização da agenda do salão.

A estrutura física foi viabilizada pela direção do hospital, enquanto os móveis, os equipamentos, os objetos e os produtos foram obtidos por meio de doações da sociedade civil e empresas parceiras, como a Hot Sat e a Mademoiselle. Cada mãe possui um kit individual de uso pessoal com lixa e alicate, para garantir segurança e evitar qualquer risco de contaminação. Os demais produtos são compartilhados com cuidado e responsabilidade.

O espaço foi aberto para funcionamento no início deste mês de agosto, com a presença das diretoras Leiva e Lorena, além de mães que já se organizaram para manter o funcionamento do salão. A inauguração oficial ocorrerá em breve, após a realização de uma capacitação promovida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), fortalecendo ainda mais a proposta de empoderamento e geração de oportunidades para essas mulheres.

“Mais do que um ambiente de beleza, o “Cuidar de Quem Cuida” representa um elo de empatia, força e sororidade. É a construção de uma rede de apoio onde o autocuidado também faz parte da cura”, conclui o superintendente de Média e Alta Complexidade da Sesapi, Dirceu Campelo.