Óculos sensoriais para cegos desenvolvidos pelo IFPE receberão premiação em Brasília

Óculos sensoriais para cegos desenvolvidos pelo IFPE receberão premiação em Brasília

Alunos do Campus Recife criaram dispositivo para auxiliar as pessoas com deficiência visual a se deslocarem com maior autonomia e segurança

Com o intuito de incentivar uma maior acessibilidade para pessoas com deficiência visual, estudantes do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) desenvolveram um projeto especial para garantir mais autonomia para esse público. Trata-se de um dispositivo acoplável aos óculos que deve ser utilizado de forma complementar à bengala que auxilia os cegos a se deslocarem com mais segurança.

A ideia é que o objeto sirva como um radar pessoal e forneça mais autonomia para os usuários, com o uso de sensores infravermelhos e ultrassônicos para detectar obstáculos e emitir sinais sonoros e vibrações para dar um alerta com maior precisão.

“A bengala é a tecnologia assistiva mais utilizada pelos cegos por ser segura, barata e também um sinalizador da cegueira. Porém, ela tem uma limitação: não conseguir identificar obstáculos acima da linha da cintura. É isso que nosso dispositivo traz. É como ter um radar pessoal a cada passo. Ele permite que a audição seja os olhos do cego, servindo como um complemento à bengala”, explica Aida Ferreira, professora do IFPE e coordenadora do projeto.
O dispositivo ainda conta com um aplicativo para aparelhos móveis e um sistema web para a comercialização da tecnologia e divulgação de informações sobre o projeto. O app oferece recursos adicionais, como informações meteorológicas, detecção de luminosidade e assistência em transporte público.

Desenvolvimento
A pesquisa envolveu o uso da ecolocalização, fenômeno que consiste na emissão de ondas sonoras para obter informações sobre o ambiente e de áudio binaural, recurso imersivo que localiza o som em volta de quem está ouvindo. Foram necessários cerca de 10 anos para o aperfeiçoamento do projeto, que teve início em 2015 e foi criado no Campus Recife do IFPE.

O primeiro protótipo contou com componentes eletrônicos baratos e óculos escuros. Atualmente, o modelo é uma peça mais leve e confortável que está pronto para entrar na fase industrial.

O projeto, que envolve cinco professores e por onde já passaram mais de 25 alunos, deu origem à startup Synesthesia Vision, focada na comercialização e expansão do protótipo. O alvo são as cerca de 500 mil pessoas cegas que existem no Brasil, segundo dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Tenho orgulho de ter contribuído para um projeto que pode transformar a vida de pessoas com deficiência visual. Essa experiência reforçou minha certeza no poder da educação e da pesquisa pública para mudar realidades e inspirar novas gerações”, afirma a professora Aida Ferreira.

Redação

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