Por que esta avenida de Fortaleza tem o segundo aluguel mais caro da cidade

Aluguel de imóveis chega a R$ 75 por m²
Uma via residencial do bairro Cocó, em Fortaleza, desponta como a segunda mais cara da cidade para aluguel de imóveis: a Avenida dos Flamboyants. Ela fica atrás apenas para a Beira Mar, no Meireles, considerada a área mais turística da Capital.
Para alugar um imóvel na Av. dos Flamboyants, o preço médio é de R$ 75,00 por m². Ou seja, para um apartamento de 60 m², o custo por mês é de cerca de R$ 4.500.
O levantamento de metros quadradosmais caros para locação de imóveis em Fortaleza foi realizado pelo DataZap, do Grupo OLX, a pedido do Diário do Nordeste. O estudo considera anúncios publicados nas plataformas do Grupo OLX entre junho de 2024 e maio de 2025.
POR QUE ESSA AVENIDA É VALORIZADA
A Avenida dos Flamboyants está localizada a poucos minutos do Parque do Cocó e próxima ao bairro Cidade 2000. Boa parte dos imóveis da via é residencial. Há também praça, quadra de esportes, escola e restaurantes.
O edifício Duo Milênio, lançado recentemente, é o imóvel com apartamentos disponíveis para locação mais caros. O aluguel de uma unidade de 30 m² é anunciado por cerca de R$ 2.700.
Outra via do bairro Cocó que figura entre as mais caras para alugar um imóvel é a Rua Batista de Oliveira, com m² para locação avaliado em R$ 60,00.
A composição dos preços dos aluguéis em uma metrópole como Fortaleza é complexa, explica Alexandre Queiroz Pereira, pesquisador do Observatório das Metrópoles.
Entre as componentes dos preços, está o acesso a serviços no entorno da residência e a qualidade dos imóveis. Além disso, é considerado o nível social da região: quanto maior o padrão de renda, mais caros os imóveis.
Outro aspecto relacionado à valorização imobiliária do bairro Cocó é valorização de ambientes naturais e espaços verdes.
“Nesse caso da zona do Cocó, tem uma expansão de um modo de vida que tenta se aproximar da natureza, do parque, numa lógica que traz a tona a sensibilidade da natureza na cidade, mas que é mediada por custos elevados”, aponta.
O especialista ressalta que o mercado imobiliário se aproveita das tendências, a partir da dinâmica da oferta e da procura. Esse processo de valorização também pode se dar superficialmente, pondera o especialista.
“Essa supervalorização também pode ser entendida como um processo artificial, que se aproveita de demandas, de supostas demandas ou de características de excepcionalidade de algum lugar. Isso é muito utilizado pela propaganda, pelo marketing, os players do mercado imobiliário e os corretores imobiliários são excepcionais nessa venda”, avalia.
VEJA AS 10 VIAS MAIS CARAS DE FORTALEZA
Boa parte das vias com as locações mais caras de Fortaleza está no bairro Meireles, como a Avenida Beira-Mar e a Avenida Abolição. Também aparecem ruas do bairro Aldeota e Dionísio Torres. São elas:
- Av. Beira-Mar (Meireles): R$ 86/m²
- Av. dos Flamboyants (Cocó): R$ 75/m²
- Rua José Vilar (Aldeota): R$ 68/m²
- Av. Abolição (Meireles): R$ 66/m²
- Rua Carolina Sucupira (Aldeota): R$ 64/m²
- Av. Beira-Mar (Mucuripe): R$ 61/m²
- Rua Barão de Aracati (Meireles): R$ 61/m²
- Rua Batista de Oliveira (Cocó): R$ 60/m²
- Rua Expedito Lopes (Dionísio Torres): R$ 59/m²
- Av. Maximiniano da Fonseca (Eng. Luciano Cavalcante): R$ 59/m²
AVANÇO DA EXPANSÃO IMOBILIÁRIA
Alexandre Queiroz cita aponta que a valorização imobiliária de novas regiões é a continuidade da expansão da malha urbana, conduzida principalmente no eixo da Avenida Washington Soares.
“Se você pensar a grande expansão de Fortaleza a partir dos anos 1970, tem bairros que tem sido incorporados 20, 30 anos depois. Eles funcionaram como um mercado de terras que ficou em ‘pousio’, a espera de processos de transformação”, aponta.
Entre os reflexos da expansão, está a construção de torres comerciais, malls, serviços de saúde, áreas de lazer, colégios e outras comodidades. “Se vincula a uma perspectiva da região metropolitana que já passa por esses processos, como Eusébio, Porto da Dunas”, afirma.
O especialista ressalta que a elevação média do preço dos aluguéis dificulta o acesso de determinadas populações a áreas dotadas de serviços.
“Muitos países trabalham com o controle médio de aluguéis, com aluguel social e disposição de imóveis públicos para ter um certo controle para permitir que diferentes perfis vivam numa mesma área, o que é comprovadamente algo importante para a cidade”, aponta.